O PODEMOS APRENDER DA FINLÂNDIA - SISTEMA DE APRENDIZAGEM, NÃO DE ENSINO
Renan Antônio da Silva
Resumo
Dou início a alguns textos sobre a obra recente de Sahlberg (2010) (S), uma análise da experiência finlandesa de educação, em geral reconhecida como a mais exitosa atualmente, pelo menos no PISA. O texto foi escrito por um dos mentores da reforma que, em seguida se tornou parte do Banco Mundial e da organização do PISA, o que o torna conhecedor minucioso da própria experiência em casa e de muitas experiências mundiais. Isto lhe permite colocar a pergunta: “o que pode o mundo aprender da mudança educacional na Finlândia?” (parte do título do livro). A ideia é saber sacar lições de uma experiência alheia, não de copiar modelos, já que toda política educacional nacional só pode ser feita para determinado país, dentro de sua história e cultura, bem como das condições socioeconômicas e políticas próprias. É fundamental colocar esta cautela para não irmos com muita sede ao pote, porque o pote não é nosso. Da perspectiva brasileira olhamos com muita inveja o êxito finlandês, porque, em pouco tempo, chegou ao topo mundial do desempenho escolar, enquanto nós ainda vivemos uma síndrome intensa de queda (Demo, 2012). Nossa educação pública continua sendo marcantemente “coisa pobre para o pobre”, o que liquida com uma das promessas eternas mais decantadas da educação que é a de equalizar oportunidades (Au, 2009). Nossa condição lembra a crítica contundente de Popkewitz (2001) em sua expressão sarcástica “pedagogia como efeito de poder” – pode enfeitar-se de um discurso bonito, charmoso, jeitoso, mas, ao final, faz o que o poder manda; ao invés de cuidar da chance de o pobre se emancipar, encalacra-o mais ainda. Um dos pontos altos, se não o mais alto, da proposta finlandesa é a oferta de qualidade elevada para todos, partindo do princípio de que todos podem aprender bem, desde que encontrem escola e professores devidamente preparados, motivados e remunerados.
Palavras-Chave:
Educação; Finlândia; Dados.