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A ESCRITA, A LEITURA E A REESCRITA COMO EXPRESSÃO AUTORAL

Sérgio de Freitas Oliveira

Resumo

Assumimos leitura e escrita como atividades interativas, pois quem escreve o faz com um propósito: dizer algo a alguém, com uma intenção, de determinada forma, numa dada situação. Considerando a natureza social da enunciação, recorremos a estratégias linguísticas, discursivas e interacionais na produção. Sendo texto a textualização do discurso, pressupõe-se planejamento, leituras, avaliação, revisões e reescritas, com vistas a garantir adequação às suas intenções e aos seus propósitos. Essas ações deveriam ser naturalizadas nas produções cotidianas. O autor, ao ler seu texto, faz reflexões sobre a linguagem, analisa escolhas, avalia o que escreve procurando identificar inadequações e impropriedades. Na concepção interacionista, a produção textual pressupõe pensar no que, no para quem e no como escrever. É nesse espaço que o autor realiza intervenções, identifica inconsistências na relação discurso/texto. Nosso objetivo é demonstrar que a posição autoral se manifesta nos movimentos do sujeito-autor no processo de textualização do discurso. Para isso, tomamos como objeto de estudo a introdução e as considerações finais de uma monografia de graduação. Elegemos essa amostra por entendermos expressarem melhor a posição de sujeito-autor. Analisamos rascunhos e versões buscando evidências e sinais do trabalho discursivo. Balizamos nossa análise na arquitetura interna do texto, observando a sua organização interna: a infraestrutura textual, os mecanismos de textualização e os mecanismos enunciativos. Para interpretarmos os modos de dizer, adotamos a metodologia do paradigma indiciário, com o objetivo de identificarmos pistas, vestígios ou indícios presentes na superfície textual. Como meio de investigação, optamos pelo estudo de caso, observando a relação entre a produção do texto e a do sentido, numa perspectiva descritiva. Na amostra analisada, observamos as intervenções realizadas nas versões dos excertos recortados, resultando em sucessivas reescritas. Essa análise nos permitiu demonstrar que intervenções intencionais na reescrita de cada nova versão evidenciam posição consciente do sujeito-autor para produzir seu texto. Essas intervenções objetivam maior adequação entre o que se pretende dizer (escrever) e o que, efetivamente, se diz (escreve). Concluímos que a qualidade de uma produção textual pressupõe leituras, releituras e reescritas sucessivas, visando ajustar os modos de dizer aos sentidos pretendidos, implícita ou explicitamente, o que implica domínio de processos discursivos e textuais.

Palavras-Chave: 

Produção textual; Escrita. Leitura; Reescrita; Processos de textualização.

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