O presente artigo busca analisar profundamente as implicações de estender o tempo de permanência dos alunos nas escolas brasileiras, destacando como essa mudança pode afetar o currículo do ensino básico. Por meio da identificação de diversas indicações oficiais e do estudo de experiências práticas de educação integral, nota-se uma carência significativa de reflexão sobre a estruturação do currículo em escolas com horários alargados. Esse debate, que deveria focar na composição curricular, muitas vezes é ofuscado pela discussão sobre as metodologias de implementação dessa mudança. A pesquisa em curso tem como objetivo central identificar as concepções e práticas vigentes relacionadas à educação integral, assim como proposições curriculares que se alinhem a essa perspectiva. Nos documentos analisados, diferentes significados emergem, todos convergindo para a cultura como um denominador comum. Propostas que visam abordagens transformadoras e formativas para a cidadania frequentemente apontam para a importância da cultura como eixo integrador do currículo. O conceito de Currículo é, portanto, central nesta discussão. Um currículo que se propõe a ser verdadeiramente integrador deve considerar os múltiplos contextos e realidades dos estudantes, promovendo não apenas a aquisição de conhecimentos acadêmicos, mas também o desenvolvimento integral do indivíduo. A Educação em Tempo Integral aparece como uma oportunidade para enriquecer o currículo, oferecendo mais tempo e espaço para atividades culturais, esportivas, artísticas e sociais que contribuem para a formação de cidadãos críticos e participativos. A necessidade de uma Educação Integral é reforçada pela ideia de que a escola deve ser um espaço de formação humana completa. Isso envolve, além das disciplinas tradicionais, a inclusão de temas transversais que promovam valores como ética, cidadania, respeito à diversidade e consciência ambiental.