Paradoxalmente, ouvimos muitas vezes que a leitura está em crise, que em geral as pessoas leem muito pouco e que as crianças não querem ler, embora hoje sejam publicados mais livros do que antes e mais pessoas tenham acesso à educação e saibam ler. Chama a atenção que sejam reconhecidos os benefícios da leitura e ao mesmo tempo se diagnostique pouco interesse por essa atividade, principalmente pela leitura de livros. Este problema é complexo, multifatorial e ultrapassa o quadro limitado da sala de aula, ao qual alguns tentam limitá-lo. É necessário qualificar e relativizar diagnósticos categóricos como “crianças não leem”, “crianças não gostam de ler” ou “não sabem ler”. Talvez, em vez de insistir no quão importante e quão bom é ler, sem maiores fundamentos e com os argumentos tautológicos de que a leitura é importante para melhorar a compreensão leitora ou para valorizar a literatura, seria mais produtivo vivenciar a leitura.